“O uso em excesso da acomodação visual desses aparelhos eletrônicos, em crianças, levam com mais frequência ao aparecimento de vícios de refração, principalmente miopia e astigmatismo”, alerta o oftalmologista do COHR – Centro Oftalmológico Humanizado de Referência, Guilherme Kiill Junior.
A tecnologia faz parte do mundo atual, sendo cada vez mais comum que as crianças, desde muito pequenas, tenham contato com vários equipamentos eletrônicos. Smartphones, tablets, notebooks, jogos diversos, além do aparelho de TV, integram a rotina. Porém, usar esses equipamentos por tempo prolongado pode trazer problemas para a visão.
“O uso em excesso da acomodação visual desses aparelhos eletrônicos, em crianças, levam com mais frequência ao aparecimento de vícios de refração, principalmente miopia e astigmatismo”, alerta o oftalmologista do COHR – Centro Oftalmológico Humanizado de Referência, Guilherme Kiill Junior.
A miopia tem vários fatores, sendo os mais importantes o genético e o ambiental. Ela está associada ao esforço acomodativo, ou seja, ver coisas pequenas muito de perto, em movimento ou no escuro, o que acontece facilmente quando levamos em conta o contato que a crianças de hoje têm com os aparelhos eletrônicos. Criança com erro de refração também pode demonstrar ser mais lenta no desempenho escolar, além de ter dificuldade para se concentrar e desinteresse nas atividades.
Para que não sejam ocasionados problemas à saúde visual, o oftalmologista orienta que “o ideal é que crianças, com menos de quatro anos, não utilizem esse tipo de equipamento e após essa idade a utilização seja por no máximo duas horas diárias.” Além disso, é importante fazer pausas para o descanso das vistas. Isso vale inclusive para os adultos. “Quem trabalha com esses aparelhos deve permanecer com os olhos fechados por 10 minutos, após duas horas de utilização”, ensina Guilherme Kiill Junior.
Segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia cerca de 15 milhões de crianças, em idade escolar, sofrem de problemas de visão, como miopia, hipermetropia e astigmatismo. Estima-se que, pelo menos 100 mil crianças brasileiras tenham alguma deficiência visual, e 33 mil ficaram cegas por causa de doenças oculares que poderiam ser evitadas, ou tratadas, caso descobertas precocemente. “As crianças deveriam ser avaliadas por oftalmologistas a cada seis meses, isso até completarem quatro anos. A partir dessa idade é importante fazer consultas anualmente”, ressalta o oftalmologista do COHR.
Os sintomas de que algo está errado com a saúde dos olhos é muito parecido em crianças e adultos. Esteja atento se a criança reclamar de dor de cabeça, aproximar excessivamente os equipamentos, franzir a testa como em um esforço para enxergar melhor, pois esse tipo de comportamento pode mostrar que algo não está bem.
“Devido a esses equipamentos estarem cada vez mais presente na vida das pessoas, o estímulo ao seu uso ser muito grande e a compulsão que tem gerado em jovens, crianças e adultos, fará com que tenhamos um aumento importante nos problemas visuais e também nos problemas emocionais dos indivíduos. Ainda não temos muitos estudos a respeito do assunto, mas o bom senso nos diz que devemos usá-los com restrições e não esquecermos de que o contato com o meio externo, com a natureza e a relação entre os humanos é muito mais rica e saudável do que toda essa era tecnológica”, conclui Guilherme Kiill Junior.
Estudo
Ter excesso de telas, dos equipamentos eletrônicos, no quarto das crianças, não é bom para a saúde. A conclusão é de um estudo feito pela Universidade de Alberta. Isso acontece porque, entre outras coisas, os aparelhos atrapalham o sono dos pequenos, que não querem se desligar. “O restabelecimento de todas as funções do nosso corpo passa pela necessidade de atingirmos o sono REM, e a presença de estímulos luminosos em um quarto causam dificuldade para que isso aconteça, por isso ele deve ser um ambiente escuro e sem qualquer ponto luminoso. Além disso, a presença desses aparelhos eletrônicos no quarto estimula as crianças a usá-los por um período do tempo que não seria permitido”, finaliza o oftalmologista.