É sabido que os hormônios femininos, bem como suas alterações, podem causar uma série de disfunções e problemas para a saúde das mulheres, mas ainda pouco se fala sobre a relação deles com os problemas oculares. Mesmo ainda não sendo um consenso, devido aos resultados adversos dos estudos, uma recente pesquisa apontou que a menopausa precoce, aquela que interrompe o ciclo menstrual antes dos 45 anos, tem relação com o surgimento da catarata. Estima-se que 3% da população feminina tenha menopausa precoce.
Acontece que, a camada externa do cristalino tem receptores de estrogênio (hormônio feminino) capazes de inibir as proteínas que induzem à catarata. Com a menopausa o estrogênio deixa de circular e não inibe a proteína, facilitando o surgimento da doença. Isso não quer dizer que toda mulher que tenha um quadro precoce de menopausa irá apresentar catarata, e nem mesmo que essas mulheres devem recorrer à reposição hormonal, cada caso deve ser analisado separadamente.
A catarata atinge o cristalino, que é a lente natural dos olhos, causando a perda gradativa da visão que vai ficando embaçada, e só pode ser revertida através de cirurgia, sendo que a mais indicada é a facoemulsificação, por ser um procedimento rápido, eficiente, indolor e seguro.
Para o acompanhamento da saúde ocular, seja no tocante ao surgimento da catarata ou qualquer outro problema, mulheres maiores de 40 anos devem passar regularmente por consultas com seu oftalmologista, podendo ser anuais ou semestrais, de acordo com cada caso. Sempre relate ao especialista seus problemas de saúde e hormonais, pois isso será fundamental na hora de avaliar o quadro geral.
Aconselho as mulheres que enfrentarem a menopausa precocemente, ficarem atentas aos sintomas da catarata e, em caso de dúvidas, procurem ajuda o quanto antes. Quando está no início ela causa uma perda discreta da qualidade visual, e a pessoa geralmente começa a ver as cores com menos intensidade, como se elas estivessem desbotadas, e por não incomodar muito, é um fator que acaba sendo ignorado. Com o passar do tempo, a catarata diminui a acuidade visual noturna, podendo ofuscar a visão na presença de focos intensos de luz, como os faróis de automóveis. Por fim, sua evolução começa a prejudicar nas tarefas cotidianas como uma simples caminhada, fazendo a pessoa tropeçar e cair, bem como momentos de lazer como assistir televisão e ler, isso porque a catarata deixa a visão turva e embaçada.
É importante ressaltar que mudanças hormonais podem causas outros incômodos nos olhos, e problemas que, diferente da catarata, podem ser resolvidos sem a necessidade de uma cirurgia. Uma queixa comum é no tocante a síndrome do olho seco na pós-menopausa, que traz sensibilidade à luz, com coceira e incômodo nos olhos. Isso ocorre devido à alteração do filme lacrimal e geralmente é resolvido com a indicação de um colírio apropriado.